A sessão desta segunda-feira,  2 de dezembro de 2024, na Câmara de Vereadores de Paulo Afonso deixou a população indignada. O vereador Jean Robert (PSD), líder da bancada de oposição, orientou seus aliados a impedir que Jaciede Rodrigues que foi candidata a vereadora pelo partido Solidariedade, uma cidadã que também protestou sobre o aumento dos salários e representaria cerca de 5 mil pessoas que assinaram uma petição contra o reajuste, falasse na tribuna. De maneira semelhante, o vereador Leco (PP), líder da bancada de situação do governo Marcondes Francisco, prefeito de Paulo Afonso (BA), adotou a mesma postura, pedindo que seus pares também negassem espaço.

Entre os parlamentares que seguiram essas orientações estão as vereadoras Evinha Oliveira (Solidariedade, mesmo partido de Jaciede) e Lêda Chaves (PSDB), ambas presentes na sessão. Os únicos que estavam a favor da fala da jovem foram Marconi Daniel (PT) e Keko do Benone (Avante).

O que causou ainda mais revolta foi o tema que motivou a tentativa de silenciamento: o aumento significativo nos salários dos próprios vereadores, secretários municipais e do vice-prefeito. A população, atenta à movimentação na Câmara, manifestou seu descontentamento com a falta de transparência e a postura antidemocrática dos parlamentares.

Esse episódio reforça a necessidade de maior diálogo com a sociedade e de práticas que priorizem os interesses públicos, em vez de decisões unilaterais que prejudicam a confiança na política local.

 Entenda a revolta popular

Os vereadores de Paulo Afonso – Bahia, aprovaram dois projetos de lei que estabelecem os novos salários para vereadores, secretários municipais e o vice-prefeito, a partir de 01 de janeiro de 2025.

De acordo com o projeto de lei nº 45/2024, os vereadores que têm hoje um salário de R$ 12 mil passarão a receber um “supersalário” de R$ 17.387,32 por mês.

O projeto de lei nº 44/2024, aprovado no mesmo dia (25 de novembro de 2024, segunda-feira), fixou os salários para prefeito, vice-prefeito e secretários municipais. O “supersalário” do prefeito foi mantido em R$ 33.763,00. Já o vice-prefeito que hoje recebe R$ 14.800,00 passará para R$ 17.387,32, enquanto os secretários municipais que recebem R$ 12.000,00 passarão a receber R$ 14.830,43.

Segundo informações, cerca de 80% da população de Paulo Afonso sobrevive com um salário mínimo de apenas R$ 1.412,00 por mês, ou seja, uma diferença muito grande com relação ao que recebe um político.